domingo, abril 06, 2008

A propósito

Acrescento dois textos legais a propósito dos últimos assuntos abordados aqui nesse blog:

o primeiro da minha amiga jornalista Lílian Soares que me concedeu publicar seu texto aqui. O segundo é um poema Chuva Interior de Mario Chamie, declamado no filme Via Láctea, na mostra de Cinema em BH que postei aqui ano passado:


"Amor Sincero

Lílian Soares

Assusta-me o quão mesquinha são as pessoas, e o quanto os relacionamentos são superficiais. Um "Eu te amo" não me convence se não for profundo, se não vier das profundezas da alma. Palavras são ditas facilmente e constantemente. Qualquer um pode dizer que ama, nem por isso, significa dizer que amor é o que a pessoa sinta. Até porque amor é indefinível, cada um o sente a seu modo

Sinto falta de um amor puro, verdadeiro! Daqueles que te deixam sem ar e, mesmo assim, você só precisa dele;

Daquele amor que também é amigo, cumplice, mas sabe chamar atenção quando preciso;

Daquele amor que abre mão de seus próprios anseios, se preciso for, em nome da felicidade de quem ama;

Daquele amor que zela pela felicidade do ser amado, sempre, ainda que isso implique em sua própria infelicidade;

Daquele amor que se entrega por inteiro, sem culpa, sem pressões sem cobranças;

Daquele amor que se entrega e se envolve, mas não por esperar ser correspondido, mas sim, por sentir-se pleno e realizado, tão somente por amar;

Daquele amor que te faz alcançar as estrelas, mesmo sem tirar os pés do chão;

E por fim, daquele amor que de tão sincero, ame as qualidades, mastambém em igual medida, ame e aceite os defeitos!

Talvez este amor seja utópico, surreal! Quem sabe?
Não tenho todas as respostas. E nem tenho que tê-las!
Seria a compreensão disto, um caminho para afastar a mesquinharia?
Mais uma vez digo: Quem sabe?"


"Chuva Interior"


Quando saía de casa
percebeu que a chuva
soletrava
uma palavra sem nexo
na pedra da calçada

Não percebeu
que percebia
que a chuva que chovia
não chovia
na rua por onde
andava.

Era a chuva
que trazia
de dentro de sua casa;
era a chuva
que molhava
o seu silêncio molhado
na pedra que carregava.

Um silêncio
feito mina,
explosivo sem palavra,
quase um fio de conversa
no seu nexo de rotina
em cada esquina
que dobrava.

Fora de casa,
seco na calçada,
percebeu que percebia
no auge de sua raiva
que a chuva não mais chovia
nas águas que imaginava."

De Mario Cagmie, achei nesse blog aqui. Há em alguns outros sem separação muito nítida de estrofes. Queria achar em um livro ou no roteiro do filme.

Um comentário:

Anna disse...

Ei Victor!
Gostei do texto! Ainda mais ouvindo Boca Livre... Ai.. Ai... Hehe...