Mostrando postagens com marcador resenhas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador resenhas. Mostrar todas as postagens

sábado, janeiro 21, 2012

Sobre o Filme do TinTim

Galera, um post rápido sobre o filme do TINTIM que está em cartaz. Tem aparecido já em muitos meios de comunicação e muitos estão falando bem. Como muitos já devem estar a par, esse filme foi dirigido pelo Steven Spielberg e co-produzido por Peter Jackson. A escolha por fazer um filme em animação 3D dava um certo frio na espinha só de pensar. Mas o filme ficou muito bom, o enredo se baseou na história do 'Segredo do Licórne', uma das histórias que infelizmente eu não havia lido, e então, não posso avaliar similaridade com o enredo original. Imagino que algumas coisas foram acrescentadas, mas não posso ter certeza do quanto (diria que uns 40% da história). Fui ver o filme na pré-estréia.

De regra geral, o filme ficou bem feito e manteve a linha dos personagens. A animação, apesar do 3D, respeitou bastante a fisionomia dos personagens de Hergé e o conceito de retratar fielmente aeronaves, cenários, máquinas, navios e etc. isso ficou mantido, assim como a palheta de cores utilizadas que se não ficou igual, foi adequada. Eu me senti como se tivesse vendo um bom Indiana Jones, o que deve ter sido mesmo um toque de Spielberg. Na verdade, é incrível como algumas passagens, parecem com cenas que já vimos nos clássicos do Indiana. Tive de ver o filme dublado, mas nisso acho que, afinal, se tornou uma vantagem, pois a dublagem do português ficou bem feita, vozes que apareciam na animação conhecida por alguns fãs brasileiros. E também porque em inglês os nomes ficam um pouco estranhos, o cãozinho Milou vira Snowy, por exemplo.

O filme termina dando continuidade para mais uma história, acho que isso deve depender de seu sucesso nas bilheterias. Segundo amigos mais informados que eu, o filme foi bem na Europa mas não tão bem nos EUA (o que era de se esperar aliás). Como críticas eu tenho realmente muito poucas: fiquei sentindo falta da clássica musica de abertura da animação 2D, que não foi utilizada. Essa animação passava na TV Cultura e foi por ela que descobri o TinTim na infância e passei a comprar os quadrinhos, sem dúvida, eram emocionantes. Um colega achou que o roteiro tinha uma falha sobre a maneira como o vilão sabia do tesouro maior. E eu pontuo novamente que cinemas e meios de comunicação muitas vezes fazem Tintim  parecer infantil demais (happy feet, gato de botas e sei lá mais o quê), havia muitas crianças de 5 e 6 anos na sala, não sei se é o público mais adequado já que Tintim é uma obra mais juvenil. Bom, é isso, crianças e marmanjos de todas as idades, fãs de Tintim, vão ver o filme pois vale à pena.
  

Angeli se Recicla

Já de algum tempo as tirinhas "Caderno de Esboços" do Angeli que saem por vezes na seção de quadrinhos da Folha de São Paulo tem me incomodado um pouco. Os desenhos que aparecem ali são extremamente preguiçosos. É legal ver alguns esboços do Angeli, pois o cara é mestre do quadrinho nacional, mas não com tanta frequência com que têm aparecido. Fico me perguntando se não seria legal chegar na folha e perguntar: "Ei, vocês não querem publicar meus cadernos de esboço, também?". Ou então me pergunto: "E se todos os cartunistas passassem a fazer o mesmo?". 
É verdade que o Angeli sabe zoar a si mesmo com as tirinhas chamadas de "Angeli em Crise" e que ele continua um excepcional chargista e cartunista de um quadro só, com excelentes sacadas políticas e sociais. Mas na seção de quadrinhos eu acho que o Angeli deveria se inspirar no curso de formação do Tropa de Elite e "pedir para sair", pos tem muita gente boa na fila esperando.

Minha última surpresa foi descobrir que Angeli reciclou desenhos de velha data em uma seção que ele está chamando de "A verdadeira História do Rock 'n' Roll". Mas Angeli se esquece que seus velhos fãs podem ter uma boa memória visual. Ao bater o olho no desenho do bluesista imaginário "Broker Pittmamm" aí de cima  me lembrei imediatamente da capa de um caderno da editora Foroni, editora para a qual o Angeli fez uma coleção de 4 a 5 capas. Uma dessas capas foi batizada de "Rock 'n' Roll" (veja aí do lado) e tem os personagens que ele está reciclando recentemente, com o mesmo desenho, diga-se. Marquei em vermelho os personagens que ele usou nos últimos dias. Parece que ele inseriu uns dois novos desenhos na história do rock que não estão no caderno. Mas não se impressionem caso alguns dos personagens da capa aí do lado aparecer mais uma vez pelos próximos dias.


Ainda para ressaltar a inconstância de Angeli na seção de quadrinhos, na quarta-feira do dia 11 ele acrescentou um belíssimo desenho de uma mulher a frente de uma metrópole. Me parece uma referência mas não consegui identificar ainda de onde é, me pareceu a Angelina Jolie (que alias, "Angeli" + "na" = "Angelina"), quem descobrir logo de cara de onde é a referência pode me falar aqui. Abraços!

domingo, janeiro 23, 2011

É 3D, EDU CARAY!!!


Há duas semanas passei na Kingdom Comics em Brasília e comprei mais alguns quadrinhos (fiz um pequeno vídeo do passeio que está aí em baixo. Faz parte de uma série de videos que pretendo fazer como "Making Of" da ATUM). A Kingdom Comics é uma das lojas de quadrinhos mais especializadas em Brasília. Eu a conheci no tempo de UnB, quando entrei em 2000 na universidade, recém chegado na capital federal. Havia um banco (de se sentar), perto da entrada do ICC-norte, se bem me lembro, que fazia a divulgação da loja. Achei legal e fui lá conhecer, em 2000 ou 2001, não saberia precisar. Fica no CONIC que é um centro comercial que tem desde sex-shop, cinema pornô até igrejas evangélicas (sobre isso veja aqui no overmundo.com).

A Kingdom fez dez anos no começo de 2008. Vai fazer por agora 13 Anos. O link da loja era um dos links que estava faltando aí no canto direito do blog, e estou linkando agora.

Um dos quadrinhos mais doidos que comprei foi a Samba 2, que traz uma novidade: Uma história legível em 3D! Eu achei que não conseguiria ver os lances em 3D, pois sempre fui meio frustrado nessas tentativas de olhar para um ponto por muito tempo e ver as imagens saltarem na minha cara. Mas no caso da Samba a revista vem com óculos para 3D e foi uma sensação perto do que seria emocionante. O garoto billy Soco do Gabriel Goés combatendo um terrível ciclope-macaco-gigante em meio a um mundo cheio de dinossauros. E tudo rimado por Diogo Saraiva.

Mas seria limitado dizer que a Samba 2 está boa só por isso, a revista toda, que possui diversos colaboradores, está de parabéns. É visivel o salto que houve para cada um dos partipantes da primeira SAMBA e da segunda, para qual manteve-se grande parte do grupo original. Bom de comparar a evolução, o que já era legal na primeira ficou ainda mais legal nessa segunda revista. Vale de cabo a rabo, desde da capa (Clarice Gonçalves) e o editorial do Gabriel Goés, Gabriel Mesquita e Lucas Gehre até a Insensée HQ de Elcerdo no fim. A Samba foi lançada na Rio comic con (confiram o destaque do O Globo para a revista). E este é um dos trabalhos que se pode encontrar na Kingdom Comics, que ajuda na parceria de editoração de revista.

Ah sim, fui lá na Kingdom para fazer o meu jabá também e deixar a A.T.U.M., revista do Edu Caray e companhia, que chegou ao final da saga iniciada em 2007. Lá na Kingdom está faltando a número 1. Dia 28 de Janeiro agora, levarei lá para reabastecer. No mais, é isso espero que gostem do video. Abraços!



terça-feira, outubro 26, 2010

Sobre o Preço das Histórias em Quadrinhos: uma análise econômica sobre HQ's

Em 2009 comecei a coletar dados sobre o preço e demais característcas das histórias em quadrinhos lançadas no brasil e que se encontravam no varejo de Belo Horizonte. De lá pra cá, consegui coletar informações sobre 95 histórias em quadrinhos em 15 editoras.

Após pensar sobre o problemas e depois de um exercício que está aqui no meu blog de economia, cheguei a conclusão de que relacionar os quadrinhos por custo-página é um critério bacana.


Tabela.6 - Os dez quadrinhos mais baratos custo página:
=======================================================
Nome.....................- Editora..... - Custo Página
=======================================================
1. .Jacaré Alegre....... - Independente - R$0,00
2. .Homunculus1......... - Panini...... - R$0,04
3. .Homunculus7......... - Panini...... - R$0,05
4. .Umbigo Sem Fundo.... - Quadr na Cia - R$0,06
5. .O corno que sabia... - Pixel....... - R$0,06
6. .A.T.U.M. ........... - Independente - R$0,06 (olha o jabá :))
7. .Tex Gigante......... - Mithos ..... - R$0,08
8. .Retalhos............ - Quadr na Cia - R$0,08
9. .Melofia Infernal.... - Conrad...... - R$0,09
10. Patacoada........... - Independente - R$0,09
10. Prego 3 ............ - Independente - R$0,09
10. Graffitti 76% Qua... - Independente - R$0,09
========================================================


Tabela.7 - Os dez quadrinhos mais caros custo página:
========================================================
Nome..................... - Editora.... - Custo Página
========================================================
1. .Sábado dos Meus Amores - Conrad.... - R$0,61
2. .Big Guy............... - Conrad.... - R$0,48
3. .Predadores............ - Devir..... - R$0,47
4. .Clic 4................ - Conrad.... - R$0,44
5. .Asterix e Seus Am..... - Record.... - R$0,44
6. .Tocaia ............... - Devir..... - R$0,40
7. .A Casta dos Metabarões - Devir .... - R$0,38
8. .Xampu Lovely Losers... - Devir..... - R$0,37
9. .Che................... - Conrad.... - R$0,37
10. O Prolongado Sono SrT. - Zarabatana - R$0,36
10. Gente Feia na TV...... - Independen - R$0,36
10. Demolidor o Homem sem. - Panini.... - R$0,36
=========================================================

Posso passar o banco a quem se interessar e podem me ajudar também com mais informação.
visitem o www.aeconomiamarginal.blogspot.com para maiores detalhes sobre a pesquisa.

Obrigado!

quarta-feira, maio 05, 2010

Quadrinhos Autorais II

Bom, enquanto rola um monte de coisa lá fora e o trabalho corre solto, espero meu próprio ritmo de arte finalização da A.T.U.M. ficar pronto. E assim tiro um tempo para ler quadrinhos e comentar aqui os que são dignos de nota.

Vou começar então com ATO 5 escrita por André Diniz e desenhada por José Aguiar. Publicação independente. Esse é um quadrinho curto de 28 páginas, custou-me R$ 5,00, um custo por página que compensa a compra. A história de André Diniz é interessante, pois lida com uma companhia de teatro nos tempos da censura militar, o título lembra o Ato Institucional nº 5 e o 5º ato de uma peça. Conta a história de um triângulo amoroso formado por diretor, atriz principal e ator coadjuvante. A história é contada sobre dois pontos de vista, primeiro Juan, o jovem ator no segundo papel e eternamente apaixonado por Lorena, estrela da companhia. Ao final vem o ponto de vista dela, da atriz, o que torna o quadrinho interessante, a divisão não é simétrica, 20 páginas para Juan e 8 páginas para Lorena (ainda bem, tenho tentado resistir ao meu apego demasiado ao simétrico), a parte da atriz é bem menor, mas não menos esclarecedora. O roteirista André Diniz vem em um crescente nos seus trabalhos, ele mantém o blog Nona Arte com dicas úteis para quem é do ramo. José Aguiar possui um dos traços mais característicos dos desenhistas brasileiros da atualidade, desenho bastante anguloso e ágil, na FIQ-BH peguei um autografo dele no álbum quadrinhofilia.

Có de Gustavo Duarte, editoração independente. Esse trabalho tem uma temática surrealista, muito interessante. O quadrinho foi feito em preto e branco e conta uma história de 32 páginas sem balões. O traço cartunesco, grande, ao mesmo tempo preciso e rico em detalhes do Gustavo Duarte vale por si só, mas o mais interessante é que a historinha de um fazendeiro em uma noite dentro de uma casinha isolada no meio do nada, em meio a porcos e galinhas, é muito legal. Enfim, um pequeno quadrinho, muito bem desenhado que vale a pena. Sobre esse não posso contar muito senão estraga...


Mangaká de Akira Toriyama, editora Conrad. Esse é um quadrinho sobre como fazer quadrinhos. O autor é o desenhista e roteirista japonês Akira Toriyama, o mesmo de Dragon Ball e Dr. Slump. Toriyama ensina algumas técnicas para compor um bom efeito de página e história. Segue a mesma linha que os livros de Arte Seqüencial de Will Eisner e Entendendo os Quadrinhos de Scott McCloud, duas referências na área. Porém é mais prático e direto do que aqueles, também mais básico. É voltado para os Mangás. Ao final traz exemplos do que se deve e não se deve ser feito em uma página de Mangá, traz alguns exercícios. Algumas técnicas estão um pouco utrapassadas pelo fato de usarmos algumas coisas no meio digital. Ainda assim, aprender como se fazia no analógico é importante.

Retalhos de Craig Thompson, ed. Cia dos Quadrinhos. Esse livro teve lançamento no Brasil ano passado, em data muito próxima ao dia dos namorados. Lembro disso porque a Lia me comprou de presente e o preço estava bem em conta. No festival internacional de quadrinhos de Belo Horizonte, o autor esteve presente para fazer um segundo lançamento. Até então eu não havia lido a HQ. Sobre resenha do livro, gostaria de rebater crítica que saiu no Folha de São Paulo, anunciando o lançamento no Brasil pela Cia dos Quadrinhos. Na verdade, as críticas de quadrinhos não são exatamente críticas, ao contrário dos livros músicas e filmes onde o crítico solta ao final uma nota ou conceito, no caso dos quadrinhos, geralmente não há nada. Isso pode ser bom, pois muitas críticas de opinião não ajudam muita coisa, mas pode ser uma condescendência com o frágil mercado de quadrinhos, receio de qualificar mal uma obra recém lançada e matá-la antes de chegar ao público. Eu já acho o contrário, talvez o fato de tanta proteção às resenhas de HQ’s é uma das razões para deixar o mercado fraco do jeito que é. A resenha em questão era bastante burocrática, parecia ter saído de um editor que achou penoso ler uma HQ com 592 páginas. A resenha cita os prêmios, pontos e personagens da história, mas não esclarece nada, é fria como o inverno de Wisconsin, onde se passa a HQ. Ao contrário desta, a resenha de Grampá foi mais curta, não mencionou os prêmios, mas teve coragem de soltar uma avaliação no final. Uma resenha bem mais honesta, de alguém que leu e viveu o livro. Na minha opinião, Retalhos é um dos melhores quadrinhos de amor escrito até o momento, o mais íntimo e verdadeiro, fala sobre a luta de uma infância reprimida pela religião e de poucos recursos, uma adolescência deslocada, e de como achar o equilíbrio entre religião, sexualidade e amor. Ou como definiu bem Hiro Kawahara em sua frase-título: “Como ler um calhamaço de 590 páginas e se sentir leve como uma espuma.” Excelente presente para o 12 de junho.

Umbrella Academy. Roteiro de Gerard Way, Desenhos de Gabriel Bá, cores de Dave Stewert. ed Devir. Esse quadrinho me surpreendeu positivamente, comprei por conta do desenho do Bá, de quem sou muito fã, mas era reticente quanto ao roteiro feito pelo vocalista Gerard Way da banda de emo-rock ‘My Chemical Romance’. Acho que a maioria dos leitores de quadrinhos hard se sentia assim e creio também que a maioria quebrou a cara, pois Umbrella Academy é um quadrinho de supers bem contado, arquitetado e que consegue prender a atenção do leitor para uma família de garotos paranormais (a lá X-Men freaks). A vilã é um dos melhores personagens, os heróis são dúbios, o professor e pai dos garotos é de um caráter pra lá de questionável. Enfim, é um excelente quadrinho, quem gosta de um clima mais sombrio e tramas embaralhadas (mas que se fecham), além super poderes não tão convencionais, irá gostar de Umbrella. No meu caso eu colocaria que não gostei muito, mais por gosto pessoal do que pela qualidade da história em si, não fiquei com muita vontade de “comprar” a continuação, embora tenha vontade de “saber” como termina, então qualquer amigo ou amiga que estiver disposto, aceito um empréstimo de Umbrella Academy 2 de bom grado ;)

Johnny Cash: uma biografia de Reihard Kleist, ed. 8 Inverso. A surpresa dessa coleção de resenhas é sem dúvida o quadrinhista alemão Reihard Kleist. Kleist esteve no Brasil durante o FIQ-BH do ano passado e proferiu uma seção temática sobre o seu trabalho que foi extremamente interessante. Tive a chance de participar e foi uma grata surpresa. Não sei se porque cheguei um pouco atrasado na seção, se por um lapso de atenção ou se por modéstia do autor, naquela seção temática foi deixada de fora a única publicação de Kleist presente no Brasil até o momento: a bem executada biografia de Johnny Cash, o famoso cantor de country rock norte-americano. Kleist pesquisa e intui bem uma excelente biografia do músico. Eu já havia visto o filme “Johnny & June” que saiu um pouco antes da obra de Kleist, que corria em projeto paralelo não relacionado. O filme é legal mas bastante sem sal, meio babaquinha. No caso da obra de Kleist não. Assim como Franz Dobler escreve o prefácio da HQ, achei o trabalho de Kleist muito melhor que o filme, em termos de narrativa, em termos de honestidade, sinceridade, expressionismo e sentimento. O autor usa a intuição para revelar e presumir detalhes importantes. O desenho de Kleist é bastante técnico, mas ao mesmo tempo solto e quadrinhesco, a composição das imagens é excepcional, assim como o jogo de luz e sombra. A ação é tratada de forma convincente e marcante. Kleist recorre várias vezes ao recurso de páginas abertas (sem quadros). A história de Cash é bem polêmica: escuridão, melancolia, revolta, luta, vício, amor e reconhecimento. Parabéns pela editora pela escolha, gostaria de ter encontrado mais exemplares, esse quadrinho só achei na livraria da Travessa no Rio de Janeiro. Espero no futuro poder ler as outras obras de Kleist aqui no Brasil. Nota: bom trabalho da editora 8 inverso em escolher Kleist e uma de suas obras, porém, a capa do caderno de minha edição soltou-se no meu segundo dia de leitura.

Outro alemão é Ralf König e a história em quadrinhos do “Homem Ideal”, da ed. Via Lettera. É um quadrinho de humor com estilo cartunesco de traço rápido e engraçado. É muito legal usar um traço de cartum para compor histórias mais longas. No caso dessa HQ é a mais recomendada para quem está precisando garantir boas risadas. O tema da história é de um homem heterossexual (Paul) que acabou de se separar e, por acaso, se encontra as voltas com o mundo gay. Os desentendimentos, confusões e percalços do herói, igualmente desejado por homens e mulheres, são hilários. O álbum ganhou o prêmio de melhor quadrinho estrangeiro em 1998 no troféu HQ-mix.

Balas Perdidas de David Lapham ed. Via Lettera. David Lapham faz alguns quadrinhos main stream, mas parece que ele nunca foi tão feliz quanto nos trabalhos independentes. Balas perdidas, lançado em dois volumes, é um desses bons trabalhos. São histórias que possuem em comum a violência e que se misturam ao final. São histórias interessantes de serem acompanhadas. Embora não seja um quadrinho de grande relevância (aqueles dos quais vc não pode deixar de ler na vida). Balas perdidas é bastante passável, mas existem pontos altos dentro da narrativa e o desenho é normal, competente, mas sem nada muito distinto.

Local: ponto de partida e Local: fim da jornada. Roteiro de Brian Wood e desenhos de Ryan Kelly. ed. Devir. Local é uma interessante proposta. Se trata de um exercício de quadrinhos: Brian Wood tomou como ponto de partida falar de histórias onde o personagem principal seria o cenário. E por isso Local se passa em várias cidades importantes mas geralmente esquecidas pelas grandes histórias dos Estados Unidos: Portland, Minneapolis, Richmond, Halfax e outras... Para isso Brian Wood usa de uma só personagem que porém é colocada em contextos dos mais variados, creio que a princípio seriam desconexos mesmos. Entretanto ao longo do segundo volume, as histórias de Megan, a personagem principal que já havia incorporado vários nomes, parecem seguir uma relação mais seqüenciada. Acho que aí Local se perde um pouco, pois Megan passa a ser a principal e os cenários meros secundários. Então a partir do momento onde ela encontra-se com o irmão e os dois lidam com a morte da mãe, acho que o quadrinho fica um pouco tedioso. O desenho de Ryan Kelly é bom, porém inconstante nesse trabalho, acho que isso está relacionado com a experimentação. Tanto Wood quanto Kelly experimentavam os personagens nessa trama que mudava de lugar a toda hora. Como ponto alto desses quadrinhos: temos cenas onde Kelly realmente conduz muito bem a narrativa proposta por Wood, e ao final de cada história, há um diálogo franco onde tanto um quanto outro contam o processo de criação e suas impressões ao leitor. O quadrinho é bom, recomendável a quem gosta da Geografia norte americana e do cotidiano daquelas cidades retratadas, e para quem gosta de quadrinhos em uma forma mais crua, visceral, pois os autores deixam muitas coisas claras lá, um certo experimentalismo. O preço disso tudo é ter um quadrinho não tão bem fechado.

Umbigo sem Fundo, quadrinho autoral de Dash Shaw, sua primeira obra de maior volume, e que volume! Umbigo sem fundo possui nada menos do que 720 páginas. Ed. Cia dos Quadrinhos. Para os menos iniciados em quadrinhos, 720 páginas de HQ é coisa que se lê facilmente em menos de uma semana. Se não me engano devo ter lido esse em três ou quatro dias. Há quadrinhos menores que são mais densos e podem até levar mais tempo que Umbigo (Modotti, por exemplo). De todo modo é legal termos histórias dessa tonelagem, pois dizem que o autor quer que você acompanhe algo com mais moderação. E ao contrário da maioria dos quadrinhos de muitas páginas, essa obra não é autobiográfica ou recomposição histórica. Trata-se claramente de ficção. A princípio eu comecei reticente com essa obra, achei o uso de alguns recursos estilísticos meio que pretenciosos demais e desmedidos. O aspecto era fazer um retrato de uma família que ficasse engraçado e debochado com as ações descritas como "engole", "engole" e outras palavras para descrever o que já vemos no papel: “areia branquinha”, “areia molhada” e mais outras. Mas minha resistência inicial se desfez e o autor conseguiu quebrar o gelo em uma excelente passagem onde aparece em um papel escrito uma hilária crítica a um dos curtas metragens de Peter, o filho caçula da família Loony, que tem a aparência de caco, o sapo. A história gira em torno de uma família em que os progenitores são um casal já idoso que sem motivo aparente decidem se separar. Dennis o filho mais velho não aceita e passa toda a história tentando desvendar o mistério de separação. Claire é mais aberta ao fato já que ela mesmo é divorciada, mas não no papel. E Peter o mais novo ainda vive com os pais, mas é tão distante de todos que não tem impressão significativa sobre o ocorrido. A história se transcorre, então, com vários elementos paralelos. Vale ressaltar que os personagens estão bem construídos e esse é um quadrinho de ficção excepcional nesse aspecto. Como ressalta Lielson Zeni pela universo HQ: “O traço de Dash Shaw não é vistoso e, muitas vezes, nem bonito, mas cumpre bem seu papel. A qualidade está na arte sequencial.” Eu diria até que o traço combina com a história, ela não seria a mesma se o desenho fosse outro. Umbigo sem Fundo é obra de estante, meio weird, não tanto quanto “Como uma luva de veludo moldada em Ferro” de Daniel Clowes (até porque o tema é outro). Mas com um nível de estranhamento que desperta algum interesse e lembrança que fica gravada na memória.

Persépolis, biografia de Marjane Satrapi. Ed Quadrinhos na Cia. Há varios pontos interessantes a se explorar em Persépolis. O político, o religioso, o sexual e dos costumes. Satrapi era revolucionária em todos eles. O livro cobre desde o período um pouco anterior à revolução Islãmica do Irã de 1979, quando Marjane já tinha seus dez anos, e vai até o início dos anos 90. Repassa toda sua adolescência e o começo da vida adulta em meio às perseguições políticas e religiosas, dores e perdas da guerra contra o Iraque. O livro segue uma ordem cronológica através das percepções de Marjane, uma menina de observações muito argutas sobre o seu país e as desigualdades e injustiças do sistema religioso que de certa forma vigora no Irã desde então. A história do livro cresce com Marjane e vão ganhando forma, a medida que o leitor avança no conteúdo. Mas surpreende como desde criança Marjane era esperta e questionadora. Criada em família rica de boas condições e educada pelos pais a sempre manter a integridade de pensamento e atitudes a menina preserva uma atitude de vanguarda dentro dos moldes do Islã. Mesmo quando esteve na Europa a atitude de Marjane foi rebelde e corajosa. Foi expulsa de cólegios no Irã e pensões na Europa por sempre dizer verdades incovenientes aos tiranos e defender-se quando ofendida. As univesidades do Irã exigem uma prova ideológica. Um Mulá a interroga:

- Srta. Satrapi, estou vendo em seu dossiê que morou na Áustria... usava o véu lá?

- Não, sempre achei que se os cabelos das mulheres trouxessem tantos problemas Deus certamente teria nos criado carecas.

- A srta. sabe rezar?

- Não.

- Posso saber por quê?

- Como todos os iranianos não entendo árabe, se rezar é falar com Deus, prefiro fazer isso numa língua que eu conheça. Acredito em Deus, mas me dirijo a ele em persa.

Marjani complementa:

- O profeta Maomé disse: "Deus está mais perto de nós que nossa jugular". Deus sempre está conosco, está em nós! Não é?

- Obrigado, srta. Satrapi, pode se retirar.

Um diálogo divertido, sincero mas ao mesmo tempo contestador e provocador. Sobre o quadrinho em si o desenho tem predominância do branco sobre o preto. As figuras lembram figuras de tapeçaria persa, ou figuras pictóricas. Ou seja, não é um desenho técnico, não há noções de profundidade nem nada, é mais pictórico. Os quadrinhos são pequenos e com muita informação, mas a leitura flui bem. Achei o começo do livro um pouco moroso, mas acho que isso tem haver com o fato de estar lendo quadrinhos diferentes e a realidade do Irã ser um pouco distante em alguns aspectos. Mesmo assim, a HQ de Satrapi é universal retrando sua aldeia e seu país, é uma excelente leitura.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Basil Wolverton


Revirando Mad's antigas a gente costuma achar coisa muito boa que estava meio esquecida, foi numa dessas que o amigo Marcelo Dolabela do (o Dola do KHneira zine) recuperou trabalhos do Basil Wolverton (1909-1978). Creio que deve ter sido o primeiro autor com esse estilão que influenciou vários desenhistas da contra cultura como Ed Roth, entre outros.

Apesar disso Wolverton possui muitos trabalhos em editoras principais, tendo sido contribuidor regular da Mad (mas aparecendo de forma mais modesta na Mad-Brasil). Iniciou a carreira nas tirinhas de Al Capp, com a personagem conhecida como a mulher mais feia do mundo: Lena Hyena. O curioso é que Basil havia feito um trabalho sobre a histórica bíblica do velho testamento chamada de The Story of Man (imagem abaixo). Nos fins do ano passado ninguém menos do que Bob Crumb (um possível influenciado?!) lançou uma versão do Gênesis do velho testamento. Alguma menção ao velho Wolverton?! Não sei, ainda não li o editorial.

Bom, o Dola está realizando um apanhado de desenhos do cara e em breve deve soltar ou no seu blog ou em um de seus fanzines. Vamos esperar pra ver.

Mais gravuras do cara você encontra aqui e aqui.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Zines Legalzines

Pessoal divulgo aqui um zine que comprei de última hora e tirei para ler hoje depois de um dia de trabalho cansativo, em que tenho de trabalhar e estudar mais agora pela noite. Trata-se do Ryotiras. Valeu minhas horas de descanso, é uma proposta muito boa e um zine muito leve de se ler, fui lendo as tirinhas saltando as páginas, as vezes no fim, hora no meio. Só depois que descobri que o Ricardo Tokumoto (o Ryot?) é daqui de Belo Horizonte, ou pelo menos assinou seu editorial aqui em nossa cidade. Aliás, editorial legal também, não tem faltado humor nos quadrinhos, mas esse tipo de humor do Ryot Iras é algo que temos visto pouco. Parabéns aos colaboradores pela boa surpresa e repasso a dica, o site é também muito legal. Já sou fã, considero forte candidato a um dos melhores zines da FIQ.

Ah! o Ryotiras montou seu "stand" improvisado em uma das mesinhas da praça do Villa Café e comprei nos acréscimos do segundo tempo, :)
Raça!

Outra dica legal é a revista independente Talismã editada pelo Erick Azevedo e coordenada pelo Guliver, amigos da Casa dos Quadrinhos, uma antologia com diversos tipos de traços e histórias, onde há também humor e participam vários autores (um deles é o próprio Ricardo aí de cima). Erick fez até uma homenagem a Oesterheld e Breccia, icones do quadrinho argentino (para ver matéria que viz sobre os quadrinhos portenhos clique aqui). As histórias estão muito criativas, em particular gostei da "Síndrome de Pinóquio" do Manguinha, o legal como a história prende mesmo não tendo ação, isso mostra que há várias boas maneiras de se fazer quadrinhos. Também destaco o Dádiva com roteiro de Erick e desenho de Marcelo Queiroz. Mas citar apenas alguns é uma injustiça com os demais, estão todos de parabéns. Bom, sem mais delongas espero que curtam e caso tenham interesse dêem uma olhada no site do LineArt Studio. É isso aí ;)

A foto aí debaixo é do blog do Eric Ricardo, que alías está bem legal para conferir mais coisas sobre a FIQ.

sábado, setembro 19, 2009

Economia nos Quadrinhos


Tenho acompanhado um mangá que sai pela panini aqui no Brasil, o Homunculus. Estou avaliando muito positivamente a série mas gostei mais dos primeiros números. Achei que o 5 e o 6 começaram a enrolar demais no enredo, como é comum nos mangás. Mas o número 7 acho que está desenvolendo melhor, mostrando um pouco o protagonista, que até então estava em mistério.

Susumo Nakoshi é um ser mistérioso sobre o qual pouco se sabe da vida pregressa. Ao que parece trabalhava em um banco, mas agora vive dentro de seu carro, estacionado na beira de um parque de Tóquio, onde vivem outros moradores de rua.

Homunculus 07 começou com essa interessante passagem, sobre a visão de moeda na economia. Uma interpretação curiosa, mas que no limite é verdade. O mais interessante é que Nakoshi usa economia para seduzir as mulheres. Ha, Ha.




Tem mais economia ao longo desse episódio. Ao que parece no Japão esse zine desenrolou-se apenas até o número 9. Não sei se o nono é o seu desfecho, vamos aguardar. Esse post me deu a ideía de comentar as ocasiões em que economia e quadrinhos se misturam, vou preparar uma segunda parte para esse post.

quarta-feira, julho 22, 2009

Quadrinhos Autorais

Leitores, recentemente fiz umas resenhas de quadrinhos para e-mails de amigos. Compartilho aqui também com vocês. Aqui no caso só dou pequenas impressões, não me considero crítico, mas acho que quem lê quadrinhos por trabalhar e gostar do ramo (ser viciado mesmo :)) sempre pode ter aluguma coisa legal a acrescentar. Para resenhas mais completas vejam os links para o site do Universo HQ, um dos melhores sites para procurar informações de quadrinhos.

Espero que gostem.

Estórias Gerais. Roteiro: Wellington Srbeck. Desenhos: Flávio Colin. O plot desse quadrinho é de um jornalista da capital (não especificada) que chega ao sertão mineiro para retratar as brigas entre coronéis, jagunços e cangaceiros. Foge um pouco ao estereótipo, pois há realmente uma composição diferente: há o grupo de cangaceiros que não presta, um coronel típico e seu bando tão criminoso quanto os bandidos e um coronel que lidera um cangaço do bem. E tião, um velho preto que conta história e não estava em nenhum dos lados inicialmente. A historinha começa meio estereotipada, mas vai ficando melhor até atingir o final, onde fica realmente ótima. É até o momento a obra prima de Wellington Srbeck, roteirista daqui de Belo Horizonte. E vale muito a pena pelos desenhos do Flávio Colin (um dos nossos melhores desenhistas de tempos recentes) . O enredo é bem construído e usa um linguajar mineiro, sem ficar muito enjoativo. É meio estranho no começo, mas fica bem legal. Srbeck é reverenciado por lembrar Guimarães Rosa nessa obra, um feito para poucos, excelente.

BATMAN: o filho do Demônio. r.: M. W. Barr des.: J. Bingham. É considerado um dos melhores gibis do Batman. Um amigo fã incondicional do Batman gosta muito pois deste, pois dentre outras coisas, mostra o Batman "rasgando", como ele diria, a princesa Tália, filha do arqui-inimigo Rhas al Ghul. :) No entanto, há muita coisa boa além disso nesse gibi: resgata o lado detetive e menos 'porradeiro' do Batman, ao investigar o crime no começo. E embora além do Batman 'rasgando', mostra também um Batman meio sentimental com Tália grávida e tudo. Explora o drama do menino Bruce, que não quer falhar em ser pai. A resenha do Universo Hq está bem legal, Grant Morrison fez continuação. No Brasil só foi lançada a primeira história da Trilogia do Filho do Demônio, estou com as continuações em inglês emprestadas, vou tentar lê-las em breve.

BATMAN: justiça digital. Pepe Moreno. Esse não é tanto quadrinho de autor, mas tem valor histórico por ser uma das primeiras histórias com técnicas de computação gráfica. O que hoje são corriqueiras.

Cidade de Vidro. D. Mazzucchelli. Adaptação em quadrinhos de um dos livros mais vendidos de Paul Auster, o escritor de crônicas insólitas de Nova York e do Brooklin. Eu gosto muito do traço do Mazzucchelli, acho incontestável, e a história é insólita, mas sem ser insólita o bastante para ficar viajandona demais. Uma exploração da linguagem e dos seus significados.

Crítica. F. Moon; G. Bá. Acho que o mais modinha da lista, quem ainda não ouviu falar dos gêmeos dos quadrinhos está por fora dos acontecimentos do mundo da HQ no Brasil. Eu sou fã dos caras desde 2001, na época eles não eram tão conhecidos, mas estavam em ascenção. Não é para menos, eu acho o desenho deles para lá de competente com estilo próprio e, para ser justo, o estilo do Bá é um tanto diferente do estilo do Moon. O Bá é mais anguloso e usa mais o contraste, Moon possui uma linha mais solta. Bom, Crítica é uma coleção de histórias não conectadas, algumas retomando personagens de outros enredos. Não é o melhor trabalho deles, algumas histórias são piegas, confesso que essa é uma crítica um tanto fácil, mas é válida quando o enredo não explora muita coisa além do fácil e conveniente. Mas o legal é que os trabalhos deles ainda preserva uma atitude e as características de fanzine. Eles estão muito acima da média, e por isso o destaque e os merecidos prêmios Eisner de Moon e Bá em Cinco e de Bá em Umbrella Academy. Em crítica, as duas últimas são as melhores histórias, Sapo é muito boa e de mediana para boa é história de nome "reflexões".

O corno que sabia demais. roteiro: Wander Antunes, desenhos: Gustavo Machado. Cores: Paulo Borges. Surpresaça! R$ 3,50 na Leitura da Savassi. E olha: Eu não tinha nenhuma informação sobre esse quadrinho, a única informação era o próprio título que sugere uma toada de humor. Então, para decidir se levava ou não, usei uma outra informação indireta: A Leitura-Savassi tem um monte de estoque encalhado dessa obra. Ao invés de tomar isso como uma coisa ruim, pensei: "pô, o gerente que comprou essas histórias deve ter botado muita fé nessa HQ, por isso encheu o estoque, não vende porque o pessoal é embotado mesmo, nem com preço baixo compram algo nacional e com um título desses então...". Pô, foi a melhor compra custo benefício do ano! São contos rápidos envolvendo um personagem Nelson Rodriguiano no Rio de Janeiro dos anos 50. O quadrinho consegue recriar bem o cenário, e o personagem Zózimo Barbosa é realmente cômico e de "atuação" brilhante. Um detetive particular de miudezas que investiga corneadas, dívidas não pagas, jogos, bicho, etc... Longe de ser uma imitação barata, acho que esse contos levam Nelson Rodrigues além, uma vertente mais humorística e mais leve com boa ambientação.

LUCIANO(A). r.: Primaggio Mantovi des.: Fernando A. Bonini. Autores Brasileiros. Acho que talvez seja o mais desconhecido. O plot é sobre um personagem machão e galanteador que de uma hora para outra se vê transformado em uma garota 'gostosinha' e se vê assediado por tipos parecidos com ele próprio. Bom, a temática é clara: compreensão de gêneros e guerra dos sexos e poderia sim ter levado a explorar mais o lado da questão da homossexualidade e da escolha sexual. Mas o autor não parece disposto a puxar isso longe demais e conduz uma história de maneira light sem chocar o leitor e com situações cômicas. Talvez , isso se deva pelo caráter meio infantil da historinha, o traço de Bonini lembra o belga Franquin do menino Spirrou, e tem um quê de Disney, ou seja, é leve um traço usualmente identificado para o infantil. (embora julgo que nem sempre deve ser assim). Ainda sim, para um bom crítico, o público infantil não seria motivo para não levar o tema para suas profundezas mais amplas.

FUN HOME. Alison Bechdel. Se o quadrinho de cima não explorou o tema homossexualidade francamente; Alison Bechdel encara o tema de maneira honesta e assumida. Fun Home é uma obra biográfica e a autora é pronunciadamente lésbica. A história, então, gira em torno de sua afirmação e de seu relacionamento com sua família, que é uma típica família americana, com tudo de weird que uma família americana pode ter. Lembra o filme Beleza Americana, ou filmes de Cronenberg e outros filmes de bizarrices de tipos que retratam a murada de falsidade naquela sociedade. Apesar de autoral não é chato, a autora não gosta de biografias, pois a história é bem costurada e desvendada passo a passo. Excelente leitura, entra para o row de quadrinhos que eleva essa arte ao status de grande leitura!

ADOLF. Osamu Tezuka. O que dizer do pai do Mangá e uma de suas derradeiras obras?! Esse gibi de 5 volumes é simplesmente brilhante, é um thriler policial que se passa na segunda guerra. O plot é meio ingênuo, como a maioria das premissas com as quais Tezuka começa: três pessoas com nome Adolf, um deles é o famoso Hitler do qual muito sabemos, os outros dois são duas crianças chamadas Adolf vivendo no Japão um pouco antes de início da guerra. Eles são amigos, mas um é sino-judeu e o outro sino-alemão. Ao longo da história suas vidas vão se separar e criar conflito e Adolf Hitler é o centro dessa história, que tem como protagonista principal um jovem adulto sensato e japonês, o "homem bom". Como em outras histórias Tezuka contrasta realismo e ingenuidade, forçações de barra macarronêscas com trechos de puro apuro de enredo e motivação dos personagens. Dramas convincentes e humor japonês (que convenhamos as vezes é sem graça, mas por isso mesmo fical legal). No geral, ainda prevalecem personagens bons e maus, mas há traços de ambiguidade e o desenho de Tezuka nunca esteve tão completo. A Conrad lançou esse gibi em 5 números, para se ter uma idéia de quão bom é esse título, leia o primeiro número, é difícil de não ser cativado pelo emocionante Thriller de guerra, conspiração e perseguição. É simplesmente demais.

Menina Infinito. Fábio Lyra. Tá bom, esse é um quadrinho Emo, ele é bom, mas não oferece muito para o leitor. O desenho do Lyra é ótimo e convincente o suficiente., já se destacava desde de os tempos do Fanzine Mosh. A história de Mônica, uma jovem que está deixando a adolescência para virar adulta, um pouco overweight, que passa pelos dramas típicos de afirmação dessa fase, é realista. A personagem de Mônica é convincente e bem construída (os coadjuvantes nem tanto, talvez o melhor amigo dela também tenha algo mais a mostrar). Parece que realmente já conhecemos ou tentamos namorar uma garota como Mônica. Mas Lyra parece não saber onde quer nos levar, e realmente talvez seja essa a proposta: 'não ter proposta'. Mas acho que isso faz com que o gibi fique um pouco chato. No entanto, ganhou o HQ mix do ano passado.

Bom, pessoal é isso, essas são HQ's recentemente lidas no período desse ano e pegando a rebarba de um pouquinho do ano passado. E olha que não inclui gibizões e a enorme pilha de quadrinhos que o Olavo me emprestou :))

E vocês, o que leram de quadrinhos autorais?

segunda-feira, abril 28, 2008

Sugestões de Leitura para o Feriado

Passo aqui sugestões de leitura, links de sítios interessantes e divertidos e de quebra, publico uma charge que elaborei recentemente. Tenho outras na manga, só arranjar um pouco mais de tempo para desenhar.

A primeira dica saiu hoje no caderno Ilustrada da Folha. Vida Louca, Conrad, 184 pags. Antes eu havia folheado esté álbum na livraria Siciliano, e mostrei no dia seguinte para um amigo mais entendido do que eu em quadrinhos. Na hora ele falou: O Jaime Martin é aquele da Animal (revista nacional que publicava coletânia de histórias de desenhistas estrangeiros, alguns famosos e outros não tão conhecidos). Na orelha do álbum há associação com os contos cinematográficos de Almodovar. Não sei se apenas por Barcelona. Mas de fato os temas parecem relacionados e o cara parace ser bom, sua página tem um guia de roteiro em HQ's e sua série de trabalhos é digna de nota, vou acompanhar mais o sujeito.

Nota: Só Achei um pouco engraçado o título: Vida Louca > Jaime Martin. Muito famosa é aquela música 'Vive la Vida Loca' do Rick Martin. Que é um pé...

Outra dica é mais antiga (ainda na minha lista das que não foram lidas): Howard Chaykin é um ilustrador de primeira linha. Ele também escreveu uma série policial não convencional, Black Kiss, que foi lançada no Brasil na década de 90 por uma editora pouco conhecida de quadrinhos, Toviassú. No Brasil, embora conhecida pelos especialistas, a revista passou batida, tanto que não há resenhas nos sites de quadrinhos existentes. Nos Estados Unidos a série foi bem sucedida e Chaykin é famoso por trabalhos na Marvel. Prometo aqui uma resenha assim que terminar de ler.

Terceira Dica é uma que já passei anteriormente. Sobre a fotógrafa ativista de esquerda Tina Modotti, Conrad, 272 págs . Uma obra biográfica em Quadrinhos que narra de maneira diferente a vida dessa mulher considerada muito bela em sua juventude, ousada a ponto de realizar o primeiro nu artístico para o seu marido Weston. Forte o bastante para decisões resolutas como a de largar sua paixão: a fotografia e arriscar sua vida por causas maiores na guerra civil espanhola. Também com fraquezas e insegurnças temendo sua volta ao México, temores que se justificavam pois foi lá onde terminou sua intensa história de vida. Vítima de um provável assassínio conspirado pelo próprio partido Comunista pelo qual tanto trabalhou em vida.

Por fim, para não falarem que não falo sobre o bom e velho Gibi a Panini do Brasil está com a minissérie grandes astros do Superman, brilhantemente escrita pelo Grant Morrison e desenhada por Frank Quitely que possui o traço muito limpo e correto, excelente para conferir expressividade aos personagens. Mesmo com os exageros de histórias de super-heróis, o enredo é bem feito, com suluções criativas sem apelações. É muito legal ver a história do aniversário da Lois Lane. Os outros heróis dando em cima dela. A meu ver os pontos altos estão nos números 1a5. Há também várias passagens cômicas. O Superman tentando se livrar do dilema do Clark Kent bundão. A qualidade de Kent é ser o fracasso humano e ele é assim porque é o superman. Lois não gosta do Clark, mas admira o superman, superman é a forra de Clark Kent que nunca pode mostrar seu valor... Bom, nas bancas está no número 9 já. A vantagem é de ser um dos comics mais baratos: R$ 3,90. Preço digno de nota.

No mais dicas de sites que andei catando por aí:

Quadinhos na net viraram mesmo um febre com esses sites de perfis pessoais, blogs e etc.
no comicspace você pode criar um login e divulgar o seu comic.

Site da editora alternativa Norte-Americana:

http://www.fantagraphics.com/

Tem Blog pra tudo. Inclusive lingeries mais vendidas.
Bom para o desenho artístico. Não sei por que caminhos cheguei nesse site:

lingeriebestseller.blogspot.com

Não lembro muito bem. Blogs que guardei por achar interessantes para divulgar aqui.

http://baunilhaecanela.blogspot.com/

iagainstcomics.blogspot.com

http://blog.mundofantasma.com/?p=890#more-890

http://www.robertagregory.com/index.html

domingo, abril 06, 2008

Dicas de Quadrinhos Top de LInha

Muita gente boa concorda que os quadrinhos podem ser uma opção de boa leitura. Bom, vou passar algumas dicas recentes de quadrinhos que li a pouco e acho bastante recomendáveis:

1. "A Força da Vida" de Will Eisner. Saiu recentemente aqui no Brasil, é de um dos melhores comic makers que já existiram. Também do Will Eisner, lido recentemente é "O complô"

2. O segundo é do japonês Osamu Tezuka que podemos dizer que "disputa" com Will Eisner em termos de qualidade nos quadrinhos. Adolf é um trabalho maduro, com mais riqueza de detalhes e roteiro mais elaborado do que outros trabalhos também bons de Tezuka. A história é um Thriller policial que começa na Alemanha no tempo do nazismo e crimes são acobertados para esconder um segredo sobre Adolf Hitler.

3. Maus. Quadrinho de Art Spigelman sobre a história verídica de seu pai Judeu no Holocausto. Um dos melhores documentários sobre o genocídio e um dos melhores empregos da técninca narrativa das HQ's para se contar histórias boas.

4. Minha Vida do Robert Crumb. Acho que o melhor albúm dele, meu julgamento por enquanto.

depois ponho figuras

segunda-feira, novembro 12, 2007

E porque não falar de Sexo?!

Calma! Não sou eu quem vai falar de sexo. Deixo falar por mim uma desenhista nascida nos anos 80 que descobri a partir de uma referência indireta e cuja a obra principal comprei nesse fim de semana.

Bom, como o povo que lê meu blog já deve estar sabendo, em Outubro tivemos o Festival Internacional de Quadrinhos de BH. Fuçando o site do evento fiquei interessado em saber quem organizava. São vários organizadores, esse ano, com a temática do Japão, por exemplo, tivemos a Fundação Japão e o consulado japonês aqui de BH, além da Prefeitura, patrocinadores e etc... Porém o organizador comum à todas as edições é a Editora Casa 21. Chamou me atenção: os trabalhos da editora são poucos, mas bons. Um deles é a série ilustrada para as capitais brasileiras: Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém e Ouro Preto (que não é capital mas já foi). Rio de Janeiro é inclusive a cidade sede da editora e o trabalho sobre a cidade maravilhosa são os famosos cartuns do francês Jano. A imprensa falou muito bem desse trabalho na ocasião de seu lançamento em 2003 (não me lembro exatamente).


Enfim, o trabalho que me chamou atenção não foram estes, que aliás eu já conhecia, mas sim o da Aurélia Aurita: "Morango e Chocolate". A princípio, a julgar pelo nome, achei que se tratava de uma autora brasileira, mas na FIQ, junto da ala do Japão havia uns desenhos dela e vi que é uma desenhista sino-francesa na verdade. Deveras interessante! Porém, ainda mais interessante do que a autora é a obra em si. Aos leitores e leitoras maiores de 18 e que não possuem maiores pudores recomendo "Morango e Chocolate" fortemente! Esse trecho do epílogo foi a passagem que mais gostei. Acho que é um bom resumo das relações e de como algumas pessoas as vêem, o melhor trecho e sobre como é necessário fugir das reduções maniqueístas.

O livro é sobre uma daquelas fases de um casal que, com sorte, só ocorre uma vez em toda uma vida. É sobre quando você encontra a pessoa certa, aquela que possa te entender também na intimidade. Se você é um(a) sortudo(a) no amor, conseguirá umas três fases desta ao longo da vida. E, infelizmente, pode-se passar a vida inteira sem que ela ocorra. O livro me lembrou um clássico da literatura oriental: "Uma Questão Pessoal" do Kenzaburo Oe, onde também no Japão, o autor narra tórridos amores à quatro paredes. Engraçado as duas histórias se passarem em uma sociedade tão recatada como a do Japão, talvez não seja tanto, ou talvez haja algum efeito benéfico naquele país, já que se sabe que no Japão não há a culpa cristã que temos por cá.

Deixo com vocês a autora no trecho que gostei. Peço desculpas pela qualidade do meu scanner, já é difícil scannear livros, quanto mais quando o aparelho não ajuda, o resultado fica precário. Mas espero que sirva para divulgação.

domingo, setembro 09, 2007

SEMPÉ MAS COM CABEÇA

Jean-Jaques Sempé é um cartunista francês que vive em Nova York. Seus desenhos retratam piadas do cotidiano das grandes metrópoles. Começou a carreira nos idos dos anos 50, antes mesmo de morar em Paris e se destacou por seu traço de linha simples e piadas inteligentes. Na verdade, essa linha de cartum mais básico era a predominante dos anos 50 e 60, principalmente na Europa. Mas possuia grande alcance também nos jornais norte-americanos, na linha característica de Jules Feiffer, por exemplo.

Bom, até fazer o curso de Cartum na Casa do Quadrinhos no início desse ano, eu ainda não conhecia o Sempé. Vi uma piada dele que gostaria de ter feito e desde então passei a admirar muito o seu trabalho. Um dos seus títulos, "Rien n'est simple" (Nada é simples), mostra seu estilo de humor. O título contradiz sua simplicidade e eficácia nas piadas.

Hoje Sempé ilustra capas da revista New Yorker. Confira a entrevista do próprio Sempé ao New York Times.

Uma curta biografia consta na página da revista Paroles da Aliança Francesa de Hong Kong. Sempé trabalhou também com o personagem infantil 'Le Petit Nicolas' ao lado do roteirista Goscinny (o mesmo do Asterix de Uderzo).

E algumas outras gravuras. A piada que gostaria de ter feito não encontrei na net...