domingo, setembro 03, 2006

o mais bonito bar do mundo

será sempre ontem, a noite em que dobramos a esquina do antigo mercado negro e subimos, não muitos passos, a calcada ladeira da penitência (a consciência pesada deve ser reservada aos que julgam possuir alguém). na virada, lúgubre paz tomou lugar. uma cândida meia-luz, fraquinha, nutrida por uma candeia feliz por se fazer quase ausente, conseguia ter força para aquecer o pulso sem acelerar o coração. o convite era irrecusável. fomos acolhidos pela mais compreensiva alma do mundo e retribuímos a atenção. os olhos negros profundos nos fitaram, parecia haver neles toda infinita bondade refletida do universo. aquele velhinho baixinho que lá estava parecia conhecer todos os segredos sagrados da vida, o mais forte deles: a perenidade do amor. deus é pequeno, e são de pequenas coisas que se faz o inquebrantável. o diamante é negro, belo e diminuto, fazendo-se mais singelo e impressionante. a única janela é a do sorriso que se rendeu ao doce do melaço. o doce da vida, como o da garapa extraída da cana, vem com o ardido sem dor. impossível um sem o outro. com nossos sentidos todos aguçados, não poderia faltar, então, o meloso som preto-vinyl que brotava das prateleiras. o abraço e o perfume se encontravam no momento em que nossas mentes ressonavam o sentido sexto. talvez fosse possível dar precisão à referência, rua, número, endereço, mas seria dissecar o que não existe e ao mesmo tempo está em todo lugar.

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