domingo, dezembro 17, 2006

O indivíduo

Hora do rush, estou no ponto de ônibus esperando o transporte coletivo que a essa hora deve estar entupido de gente. Estão todos, senão grande parte, voltando de um dia cansativo de trabalho. Eu também.

Não sei qual é dessa estranha mania de fazermos tudo ao mesmo tempo. Às 8:00 h nos apresentamos ready for work, ao meio-dia é hora do almoço e às 18:00 nos desligamos. O movimento se repete das segundas aos sábado nos domingos, folgamos. Fazemos isso juntos, um grande corpo uniforme, a ordem-unida da produção.

Clama-se que essa organização surge espontaneamente. “Não discordo”, porém, não há porque discordar que possa ser de outra maneira nosso modus operandi. Dizem que no Oriente há uma outra estrutura, trabalham todos os dias, sem dúvida, mas há um maior revezamento dos momentos em que se realizam as tarefas e dos dias de folga reservados a cada um, não todos nos domingos. Julgo que essa organização deles se dê porque eles estão há mais tempo desenvolvendo seu processo de produção, não se desenvolveram como nós, que atingimos o estágio atual em uma velocidade alucinante. Penso também que é porque lá antes do governo há a lei, mas a lei não está escrita e não se sabe direito o que é, na verdade, não é uma boa palavra, acho que deve ser a falada conciliação do velho e do novo, a religião e os costumes...

Bom, talvez seja apenas porque sempre houve muita gente, mas o fato é que o trânsito está muito lento. No início da rua, caminhando para o ponto, avistei esse mesmo carro preto que agora passa em minha frente de marcha-lenta.

Apenas o motorista dentro do automóvel...

De cada seis veículos que vejo, cinco transportam apenas o seu próprio motorista. Peguemos então apenas um desses veículos (o que polui menos de preferência) e coloquemos os outros quatro motoristas dentro dele. Pronto! Se um desse carona para mais quatro, reduziríamos em quase sete décimos o volume de tráfego da cidade.

Mais qualidade de vida, e meu ônibus chegaria mais rápido...

Enfim, em meio a divagações que faço para matar o tempo, desponta o número que procuro na esquina. Faço sinal para o motorista e quando entro já não tenho mais vontade de pensar, em pé com o ônibus em movimento fica difícil travar qualquer tipo de leitura.

Até que não demora muito até o ônibus chegar em um ponto movimentado de grande vazão de passageiros, com a saída de metade dos ocupantes me sobra um único lugar vago, ao lado de uma mulher de proporções admiráveis, no entanto, comum.

Tive um pouco de sorte nesse momento porque já naquele mesmo ponto o ônibus lotara novamente. Me sentei à janela porque a jovem mulher ao meu lado permanecera imóvel em seu banco junto ao corredor. Tive de roçar minhas pernas aos seus joelhos nus já que ela não deu atenção à minha passagem. Nesse ínterim não pude deixar de notar sua mini-saia rodada de tecido claro e de como seus joelhos denotavam caudalosas coxas. Mas ela estava entretida em mirar o nada, como muitos de nós fazemos ao estarmos na presença de incontáveis pessoas estranhas.

Não gosto quando as pessoas se postam no banco ao lado do corredor dificultando o acesso ao assento da janela, o mais natural é que se pule o assento e o deixe vago para o passageiro que chega, mas estava cansado demais para pensar nisso e não a julguei mal...

O ônibus continuou enchendo e a bela mulher teve que obrigatoriamente comprimir seu braço ao meu. A situação ficou assim até eu me re-arranjar do desconforto e passar meu braço por detrás do banco, minha mão esquerda quase tocava seu ombro. Geralmente quando faço isso a pessoa ao lado se sente incômoda, mas ela não se perturbou, na verdade, esboçou um leve sorriso.

A viagem prosseguia, durante o longo trajeto sentia seu perfume, me era até então desconhecida aquela fragrância, passei minha mão por seu ombro, ela consentiu. Resolvi prosseguir retorcendo meu tronco em sua direção, no que ela continuou consentindo, com a outra mão segurei firme mas sem apertar seu joelho e lentamente segui por sua coxa com a mão já debaixo de sua mini-saia. Já nesse momento seu peito arfava, fazendo subir e descer seus caprichosos seios. Com a mão direita continuava a lhe tocar por debaixo da saia, sentindo suas volumosas coxas, com o outro braço trouxe-a para mim, já completamente derretida, olhos fechados e a boca semi-aberta. Sua cabeça se inclinou esperando por um beijo. Beijei-a. Abraçados, bem próximos um ao outro, acomodei sua perna esquerda em meu colo e continuei a beijar-lhe, seu gosto era agradável, brotava um frescor cítrico de seus lábios, continuei, então, sorvendo seu sabor. Terminado o beijo procurei localizar-me, está próximo do meu ponto. Ajeitei seus cabelos fazendo transparecer-lhe a face, olhei fundo em seus olhos e deixei clara minha intenção de partir, consentiu também calada e silenciosamente dei o sinal para descer.

Com os pés no chão do meio-fio pus me embora para casa. Amanhã é outro dia de trabalho...

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