Leitores, recentemente fiz umas resenhas de quadrinhos para e-mails de amigos. Compartilho aqui também com vocês. Aqui no caso só dou pequenas impressões, não me considero crítico, mas acho que quem lê quadrinhos por trabalhar e gostar do ramo (ser viciado mesmo :)) sempre pode ter aluguma coisa legal a acrescentar. Para resenhas mais completas vejam os links para o site do Universo HQ, um dos melhores sites para procurar informações de quadrinhos.
Espero que gostem.
Estórias Gerais. Roteiro: Wellington Srbeck. Desenhos: Flávio Colin. O plot desse quadrinho é de um jornalista da capital (não especificada) que chega ao sertão mineiro para retratar as brigas entre coronéis, jagunços e cangaceiros. Foge um pouco ao estereótipo, pois há realmente uma composição diferente: há o grupo de cangaceiros que não presta, um coronel típico e seu bando tão criminoso quanto os bandidos e um coronel que lidera um cangaço do bem. E tião, um velho preto que conta história e não estava em nenhum dos lados inicialmente. A historinha começa meio estereotipada, mas vai ficando melhor até atingir o final, onde fica realmente ótima. É até o momento a obra prima de Wellington Srbeck, roteirista daqui de Belo Horizonte. E vale muito a pena pelos desenhos do Flávio Colin (um dos nossos melhores desenhistas de tempos recentes) . O enredo é bem construído e usa um linguajar mineiro, sem ficar muito enjoativo. É meio estranho no começo, mas fica bem legal. Srbeck é reverenciado por lembrar Guimarães Rosa nessa obra, um feito para poucos, excelente.
Espero que gostem.
Estórias Gerais. Roteiro: Wellington Srbeck. Desenhos: Flávio Colin. O plot desse quadrinho é de um jornalista da capital (não especificada) que chega ao sertão mineiro para retratar as brigas entre coronéis, jagunços e cangaceiros. Foge um pouco ao estereótipo, pois há realmente uma composição diferente: há o grupo de cangaceiros que não presta, um coronel típico e seu bando tão criminoso quanto os bandidos e um coronel que lidera um cangaço do bem. E tião, um velho preto que conta história e não estava em nenhum dos lados inicialmente. A historinha começa meio estereotipada, mas vai ficando melhor até atingir o final, onde fica realmente ótima. É até o momento a obra prima de Wellington Srbeck, roteirista daqui de Belo Horizonte. E vale muito a pena pelos desenhos do Flávio Colin (um dos nossos melhores desenhistas de tempos recentes) . O enredo é bem construído e usa um linguajar mineiro, sem ficar muito enjoativo. É meio estranho no começo, mas fica bem legal. Srbeck é reverenciado por lembrar Guimarães Rosa nessa obra, um feito para poucos, excelente.
BATMAN: o filho do Demônio. r.: M. W. Barr des.: J. Bingham. É considerado um dos melhores gibis do Batman. Um amigo fã incondicional do Batman gosta muito pois deste, pois dentre outras coisas, mostra o Batman "rasgando", como ele diria, a princesa Tália, filha do arqui-inimigo Rhas al Ghul. :) No entanto, há muita coisa boa além disso nesse gibi: resgata o lado detetive e menos 'porradeiro' do Batman, ao investigar o crime no começo. E embora além do Batman 'rasgando', mostra também um Batman meio sentimental com Tália grávida e tudo. Explora o drama do menino Bruce, que não quer falhar em ser pai. A resenha do Universo Hq está bem legal, Grant Morrison fez continuação. No Brasil só foi lançada a primeira história da Trilogia do Filho do Demônio, estou com as continuações em inglês emprestadas, vou tentar lê-las em breve.
BATMAN: justiça digital. Pepe Moreno. Esse não é tanto quadrinho de autor, mas tem valor histórico por ser uma das primeiras histórias com técnicas de computação gráfica. O que hoje são corriqueiras.
Cidade de Vidro. D. Mazzucchelli. Adaptação em quadrinhos de um dos livros mais vendidos de Paul Auster, o escritor de crônicas insólitas de Nova York e do Brooklin. Eu gosto muito do traço do Mazzucchelli, acho incontestável, e a história é insólita, mas sem ser insólita o bastante para ficar viajandona demais. Uma exploração da linguagem e dos seus significados.
Crítica. F. Moon; G. Bá. Acho que o mais modinha da lista, quem ainda não ouviu falar dos gêmeos dos quadrinhos está por fora dos acontecimentos do mundo da HQ no Brasil. Eu sou fã dos caras desde 2001, na época eles não eram tão conhecidos, mas estavam em ascenção. Não é para menos, eu acho o desenho deles para lá de competente com estilo próprio e, para ser justo, o estilo do Bá é um tanto diferente do estilo do Moon. O Bá é mais anguloso e usa mais o contraste, Moon possui uma linha mais solta. Bom, Crítica é uma coleção de histórias não conectadas, algumas retomando personagens de outros enredos. Não é o melhor trabalho deles, algumas histórias são piegas, confesso que essa é uma crítica um tanto fácil, mas é válida quando o enredo não explora muita coisa além do fácil e conveniente. Mas o legal é que os trabalhos deles ainda preserva uma atitude e as características de fanzine. Eles estão muito acima da média, e por isso o destaque e os merecidos prêmios Eisner de Moon e Bá em Cinco e de Bá em Umbrella Academy. Em crítica, as duas últimas são as melhores histórias, Sapo é muito boa e de mediana para boa é história de nome "reflexões".
O corno que sabia demais. roteiro: Wander Antunes, desenhos: Gustavo Machado. Cores: Paulo Borges. Surpresaça! R$ 3,50 na Leitura da Savassi. E olha: Eu não tinha nenhuma informação sobre esse quadrinho, a única informação era o próprio título que sugere uma toada de humor. Então, para decidir se levava ou não, usei uma outra informação indireta: A Leitura-Savassi tem um monte de estoque encalhado dessa obra. Ao invés de tomar isso como uma coisa ruim, pensei: "pô, o gerente que comprou essas histórias deve ter botado muita fé nessa HQ, por isso encheu o estoque, não vende porque o pessoal é embotado mesmo, nem com preço baixo compram algo nacional e com um título desses então...". Pô, foi a melhor compra custo benefício do ano! São contos rápidos envolvendo um personagem Nelson Rodriguiano no Rio de Janeiro dos anos 50. O quadrinho consegue recriar bem o cenário, e o personagem Zózimo Barbosa é realmente cômico e de "atuação" brilhante. Um detetive particular de miudezas que investiga corneadas, dívidas não pagas, jogos, bicho, etc... Longe de ser uma imitação barata, acho que esse contos levam Nelson Rodrigues além, uma vertente mais humorística e mais leve com boa ambientação.
LUCIANO(A). r.: Primaggio Mantovi des.: Fernando A. Bonini. Autores Brasileiros. Acho que talvez seja o mais desconhecido. O plot é sobre um personagem machão e galanteador que de uma hora para outra se vê transformado em uma garota 'gostosinha' e se vê assediado por tipos parecidos com ele próprio. Bom, a temática é clara: compreensão de gêneros e guerra dos sexos e poderia sim ter levado a explorar mais o lado da questão da homossexualidade e da escolha sexual. Mas o autor não parece disposto a puxar isso longe demais e conduz uma história de maneira light sem chocar o leitor e com situações cômicas. Talvez , isso se deva pelo caráter meio infantil da historinha, o traço de Bonini lembra o belga Franquin do menino Spirrou, e tem um quê de Disney, ou seja, é leve um traço usualmente identificado para o infantil. (embora julgo que nem sempre deve ser assim). Ainda sim, para um bom crítico, o público infantil não seria motivo para não levar o tema para suas profundezas mais amplas.
FUN HOME. Alison Bechdel. Se o quadrinho de cima não explorou o tema homossexualidade francamente; Alison Bechdel encara o tema de maneira honesta e assumida. Fun Home é uma obra biográfica e a autora é pronunciadamente lésbica. A história, então, gira em torno de sua afirmação e de seu relacionamento com sua família, que é uma típica família americana, com tudo de weird que uma família americana pode ter. Lembra o filme Beleza Americana, ou filmes de Cronenberg e outros filmes de bizarrices de tipos que retratam a murada de falsidade naquela sociedade. Apesar de autoral não é chato, a autora não gosta de biografias, pois a história é bem costurada e desvendada passo a passo. Excelente leitura, entra para o row de quadrinhos que eleva essa arte ao status de grande leitura!
ADOLF. Osamu Tezuka. O que dizer do pai do Mangá e uma de suas derradeiras obras?! Esse gibi de 5 volumes é simplesmente brilhante, é um thriler policial que se passa na segunda guerra. O plot é meio ingênuo, como a maioria das premissas com as quais Tezuka começa: três pessoas com nome Adolf, um deles é o famoso Hitler do qual muito sabemos, os outros dois são duas crianças chamadas Adolf vivendo no Japão um pouco antes de início da guerra. Eles são amigos, mas um é sino-judeu e o outro sino-alemão. Ao longo da história suas vidas vão se separar e criar conflito e Adolf Hitler é o centro dessa história, que tem como protagonista principal um jovem adulto sensato e japonês, o "homem bom". Como em outras histórias Tezuka contrasta realismo e ingenuidade, forçações de barra macarronêscas com trechos de puro apuro de enredo e motivação dos personagens. Dramas convincentes e humor japonês (que convenhamos as vezes é sem graça, mas por isso mesmo fical legal). No geral, ainda prevalecem personagens bons e maus, mas há traços de ambiguidade e o desenho de Tezuka nunca esteve tão completo. A Conrad lançou esse gibi em 5 números, para se ter uma idéia de quão bom é esse título, leia o primeiro número, é difícil de não ser cativado pelo emocionante Thriller de guerra, conspiração e perseguição. É simplesmente demais.
Menina Infinito. Fábio Lyra. Tá bom, esse é um quadrinho Emo, ele é bom, mas não oferece muito para o leitor. O desenho do Lyra é ótimo e convincente o suficiente., já se destacava desde de os tempos do Fanzine Mosh. A história de Mônica, uma jovem que está deixando a adolescência para virar adulta, um pouco overweight, que passa pelos dramas típicos de afirmação dessa fase, é realista. A personagem de Mônica é convincente e bem construída (os coadjuvantes nem tanto, talvez o melhor amigo dela também tenha algo mais a mostrar). Parece que realmente já conhecemos ou tentamos namorar uma garota como Mônica. Mas Lyra parece não saber onde quer nos levar, e realmente talvez seja essa a proposta: 'não ter proposta'. Mas acho que isso faz com que o gibi fique um pouco chato. No entanto, ganhou o HQ mix do ano passado.
Bom, pessoal é isso, essas são HQ's recentemente lidas no período desse ano e pegando a rebarba de um pouquinho do ano passado. E olha que não inclui gibizões e a enorme pilha de quadrinhos que o Olavo me emprestou :))
E vocês, o que leram de quadrinhos autorais?
Menina Infinito. Fábio Lyra. Tá bom, esse é um quadrinho Emo, ele é bom, mas não oferece muito para o leitor. O desenho do Lyra é ótimo e convincente o suficiente., já se destacava desde de os tempos do Fanzine Mosh. A história de Mônica, uma jovem que está deixando a adolescência para virar adulta, um pouco overweight, que passa pelos dramas típicos de afirmação dessa fase, é realista. A personagem de Mônica é convincente e bem construída (os coadjuvantes nem tanto, talvez o melhor amigo dela também tenha algo mais a mostrar). Parece que realmente já conhecemos ou tentamos namorar uma garota como Mônica. Mas Lyra parece não saber onde quer nos levar, e realmente talvez seja essa a proposta: 'não ter proposta'. Mas acho que isso faz com que o gibi fique um pouco chato. No entanto, ganhou o HQ mix do ano passado.
Bom, pessoal é isso, essas são HQ's recentemente lidas no período desse ano e pegando a rebarba de um pouquinho do ano passado. E olha que não inclui gibizões e a enorme pilha de quadrinhos que o Olavo me emprestou :))
E vocês, o que leram de quadrinhos autorais?
4 comentários:
Olavo, eu ia fazer rezenha de Time² também mas me cansei um pouco de escrever. Gostei de resenhar os quadrinhos lidos, espero que quem tenha chegado até aqui goste também de ler as resenhas.
Blz, Victor, também, não dá pra se opinar por o que a gente não lê, também tô com uma pilha de quadrinhos atrasados, pois tô só no osso, trabalhando muito e fds estudando pro concurso da FuB. Mas comprei e li Crise Final, do Morrison, começo meio fumado, mas vamos ver se melhora, flw, abração.
Acabei comprando o primeiro, mas ainda nao li, mas trocamos umas ideias quando tivermos lido, valeu.
Blz, Victor, até +. Abs.
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