Beleza Galera, terceiro Dia! Ontem o Leandro, outro quadrinista da ATUM, foi bem sucedido nas vendas e hoje batemos a marca das 8 revistas vendidas, mas foi também um dia para quebrar um pouco a cara e se irritar um pouco com o "mercado"...
A começar com uma observação óbvia endereçada aos que ficam chorando a falta de mercado e pedindo proteção. Não tem que ter proteção nem reserva de mercado coisa nenhuma o lance é perceber como as coisas caminham e como a mente da maioria dos quadrinistas é embotada.
As mesmas pessoas que reclamam dos problemas de mercado no Brasil e blá, blá, blá, são as que menos compram revistas. "Pô, eu compro revista para caralho!". Acho que os outros fãs de quadrinhos deviam fazer o mesmo. E compro coisa diferente, fora do mercadão e acho saudável diversificar dessa forma, cultura é feita para a diversificação... Mas daí chego para outros fanzineiros e pergunto: "E aí cara, topa trocar um fanzine?!" E o cara fica de nhém, nhém, nhém, diz que não, blá, blá, blá... Eu até entendo a situação de vários quadrinistas, se deslocaram de suas cidades para participar aqui em BH, a maioria deve ter pago a viagem do próprio bolso, mas ouvi esse lance de fanzineiro daqui da capital mineira. Pô qualé?! salto alto?! "Fuck", mostre o dedo pra essa galera!!! Se você não compra, como esperar que os outros comprem de vc?! Vá se fu... pra esse pessoal.
Bom, "mas o mercado não pode ser formado só por gente que trabalha na área", diria um, "é preciso trazer novos leitores ...". Eu digo: "sim! Isso é essencial". Atrair leitores é um caminho árduo mas não é mistério: "só se atrai novos leitores com qualidade nas produções. Para ter qualidade nas produções, meu amigo, é preciso ler de tudo, até o que você não curte muito". Daí me preocupa um tanto os stands das grandes lojas cheios de bons leitores em potencial com todos aquelas revistinhas jabá, que todos nós sabemos muito bem. Me pergunto: "Será, que essas revistinhas atraem gente nova?". A resposta é "lógico que sim", mas temo que a eficácia desse sistema é limitada, poderia ser diferente, como de fato é com os mangás. Porém temo que essa vertente esteja virando um pornô barato e feitichista, que nem barato é se os compararmos com os antigos catecismos. Bom, na ordem de eficácia probabilística em atrair novos leitores temos:
o quadrinho norte-americano jabá batidão, o mangá, a banda desenhada européia e o americano bom.
É só ver,
Pq que Alan Moore é fera? Quem não se divertiu lendo Watchmen, V de Vingança e outros clássicos, e olha que vc pode até não gostar, mas tem qualidade. Neil Gaiman e Frank Miller são outros feras, mas assim também o foram Stan Lee, Jack Kirby, McCay. Os quadrinhos americanos explodem de coisa boa. E podemos sair do circuitão: temos Dan Clowes, Will Eisner, Harvey Peaker, Bob Crumb, Joe Sacco, McCloud, Terry Moore, uma infinidade de caras que admiro e outros que ainda nem conheço (pena não haver nenhuma mulher na lista ainda).
E no lado do quadrinho Europeu?
Temos o Hergè, o Gradmir Smudja, Gosciny e Uderzo, Franquin, Hugo Pratt, Crepax, José Carlos Fernandes, Sokal, Silvestri e dezenas de outros que não me vêm à cabeça agora.
Manga não é minha praia, mas Tesuka é fera, o que não dizer de Koike e Kojima, Miyazaqui é Deus (se compara a um Will Eisner no lado ocidental), Shirow, Otomo ..., e olha que nem gosto tanto do AKIRA, mas tenho de dar o braço a torcer que é excelente.
Todos esses quadrinistas poderiam disputar à tapa a colocação na ponta daquele breve ranking geral que fiz acima. Não preciso mencionar os jabazões americanos que estão na rabeira da lista, mas se quiser achar um vá a uma grande loja e compre qualquer coisa que tiver bastante das cores roxo, rosa-choque, verde-limão, ou alguma vairiação disso, portanto, qualquer coisa que pareça uma alegoria da Mangueira. Porém no carnaval va lá essas cores, mas o ano inteiro desse jabá.
Bem não tamos aí para choramingar, o post de hoje é com fótio! Ao lado aí eu e o Leandro temos as camisetas da ATUM para vender o peixe! Hoje tem também mais dicas de fanzine. Podemos começar pela Quase (essa sim é da Galera do ES) que possui até site! Já tinha visto e ouvido falar da Quase, mas até hoje não li, vou absorver o número 11 que comprei na base da troca lá com a galera. Do Tarja-Preta eu já falei, mas o pessoal lá do Rio lançou também a Prego! Tá no Número 1 Ano 1 e tá caprichado os lances dos fanzines! Eu estava esquecendo de mencionar a já famosa Graffiti daqui de BH, lançaram o pesado número 16 lá na FIQ, dei uma folheada, parece já haver bem mais do que os 76% de quadrinhos anunciados. Para nós admiradores da nona arte isso é bom! :)
Já lá fora da Serraria, topamos com o pessoal da dita revista, não levaram a ATUM mas foram, de todo modo, simpáticos.
O destaque na mesa de mercado-americano de hoje foi o desenhista da Revista 100 Balas, o argentino Eduardo Risso. O Leandro teve as caras de entregar uma ATUM pro cara! Ficamos cogitando na pequena possibilidade da revista não parar no Lixo! O desenho do cara é fera, mas não tive ainda a oportunidade de ler as histórias em que ele participa. Na Foto ele aparece aí no Centro, momento de bate papo com a galera. Falou coisas legais sobre o papel do desenhista, não é um alienado, defendeu o quadrinho de autor inclusive. Aliás, palmas para a escola argentina que faz quadrinhos de aventura, craques no preto e branco, depois falo mais dessa galera aqui.
E se é pra mencionar uma mulher desenhista fico com a argentina Maitena das engraçadas tirinhas do Mulheres Alteradas. Bom, se teve uma coisa que tivemos hoje foi a cara dura. Conversei rapidamente em portunhol com o Mandrafina em um papo que não deixou de ser interessante. Poxa, de vista nem sabia quem era o cara, não pude ir na mesa que ele participou ontem, mas vou procurar os trabalhos dele e pedir autografo, deixei mais uma ATUM de graça com ele. Nosso papo foi sobre a pouca integração e abertura da nossas editoras para com os quadrinhos Latino-Americanos, tecla sempre importante nesse nosso fragmentado continente. Leandro Vendeu um zine para o espanhol Sampayo. Cara dura também tivemos na hora de dar uma entrevista para o pessoal de jornalismo da PUC-BH, entrevista na qual tive de me ausentar. O Leandro falou as paradas lá para os estudantes de jornalismo. Para encerrar, tentamos legalizar nossa situação no evento, não conseguimos contato antes e estamos sem stand. Descobrimos que a venda da maneira que temos feito é clandestina, vamos ter de arranjar um espaço, ou entre o pessoal conhecido das revistas independentes ou no meio da Casa dos Quadrinhos se nos ajudarem.
O lance é não grilar. A gente fica muito envolvido com esse troço de vender, mas o importante mesmo, e o que queremos de verdade é divulgar, não é atoa que entregamos altos fanzines de graça, já foram bem uns 15, posso conferir as contas aqui pois estamos anotando tudo na ponta do lápis.
Ah sim! O pessoal de fanzine deve comprar pouco também porque eles provavelmente não possuem a prática e experiência de adotar duas caixas separadas para situções diferentes, existe a caixa de empresa e a caixa pessoal. O que eu compro em HQ não é o que eu estou obtendo em vendas, estou adotando a saudável prática de separar a grana que é minha da que é do nosso Fanzine! Depois de zerado o estoque é que vamos repartir os lucros, daí decido se compro mais ou não revistas. Fanzineiro, faça isso! Vc vai ver como ajuda. :)
Nem sei se vai haver uma ATUM n° 2, o que importa é colocar algo novo, nosso zine tem proposta, é um universo que já bolo há uns 2 anos. Aliás, o Profissão Repórter de hoje teve um pouco a ver com a ATUM, foi sobre a história de pessoas que ralam de verdade. É mais ou menos a história do Edu Caray, da Tina Tilanga, da Silvinha, do Motoboy (teve um programa dos motoboys também), todos personagens do zine. Por falar nisso, Caco Barcelos é 'o' Jornalista, recomendo bastante seu livro Rota 66!
Sem mais delongas, para mim o saldo das experiências é extremamente positivo. A Sonia Luyten comprou um zine e elogiou, muito simpática. Um admirador da Quase também nos deu apoio. Thiago, da webcomix, levou uma e deu a maior força! Era isso que eu esperava encontrar, mentes abertas e dispostas a ler, não me venham falar que vcs não têm tempo. Eu faço pesquisa de manhã e de tarde, sou mestrando, escrevo artigo, estudo para prova do Doutorado, dou aula segunda, quarta e sexta a noite, não posso aceitar tempo como desculpa. Uma vez o economista Gary Becker falou que o tempo é o fator mais escasso da nossa sociedade contemparânea eu o completo dizendo que é justamente por isso que você deve alocá-lo bem.
Falou galera até amanhã!
quinta-feira, outubro 18, 2007
3° Dia do Festival Internacional de Quadrinhos de BH
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário